quinta-feira, 13 de janeiro de 2011

Fibras Alimentares

Estudos comprovam que as fibras alimentares foram introduzidas na alimentação por volta de 500 a.C na época em que Hipócrates já relacionava este alimento com o efeito laxante. Já no período de transição do séc XIX para o XX, o uso deste diminuiu com a intensificação no processamento de alimentos. Hoje em dia, com diversos estudos sobre o assunto, principalmente na funcionalidade intestinal, fez as fibras alimentares serem amplamente utilizadas na nossa dieta.
Não há um conceito único que caracterize as fibras alimentares. Estas são descritas como um conjunto de materiais comestíveis de origem vegetal, os quais tenham a propriedade de não serem hidrolisados pelas enzimas do nosso trato digestório, porém com fermentação total ou parcial no intestino grosso. Este grupo é formado principalmente de: Polissacarídeos estruturais e não-estruturais (excluindo o amido), ligninas, pectinas, gomas, mucilagens, alginatos, beta-glucanas, celulose e hemicelulose.
è As fibras alimentares são classificadas em:
 Insolúveis:
São encontradas nos legumes, folhosos e farelos e cereais integrais. Tem, entre outras funções secundárias, a de formação do bolo fecal, redução da pressão intraluminal no cólon, aceleração do trânsito intestinal e podem interferir na absorção de micronutrientes.
Ex: celulose, hemicelulose, pectinas e ligninina.
Solúveis:
São encontradas em leguminosas, aveias e polpa de frutas. Ao entrarem em contato com a água reagem adquirindo uma consistência viscosa. Dentre suas funções, cabe destacar a sensação de saciedade e o controle da velocidade de absorção de nutrientes.
 Ex: pectinas, beta-glicanos, gomas, mucilagens e algumas hemiceluloses solúveis.
Obs: As fibras solúveis também podem ser obtidas por suplementação, como psyllium, insulina e gomas.
Estudos feitos por alunos da Universidade Federal de Campinas – UNICAMP e publicados em 2004 mostraram os benefícios do uso das fibras alimentares em nutrição enteral (pacientes que não podem manter a alimentação oral normal, mas com o trato gastrointestinal não afetado) ou suplementação nutricional oral. Ao serem adicionados determinados alimentos ricos em fibras à formulação enteral em uma quantidade proporcional a duas porções diárias de cada alimento, notou-se uma melhora no gerenciamento das funções do intestino, intensificação da sua integridade e absortividade e melhor preservação da microflora dos pacientes ali registrados, provando assim, a função de reguladora das atividades intestinais conferida às fibras alimentares.
Pesquisas no âmbito epidemiológico mostraram relação entre o consumo de fibras, a obesidade e a diabetes tipo dois.
Obesidade:
 Estudos feitos com pacientes em várias faixas etárias, com um espaço amostral de, em média, cinco mil pessoas em observação, demonstraram que o consumo de fibras insolúveis (grãos refinados, principalmente) está inversamente proporcional ao ganho de peso em longo prazo, ao IMC em curto prazo e a circunferência abdominal. Em termos numéricos, constatou-se que com um consumo de 40g de fibras por dia, gera uma perda de 0,49kg, sendo que o consumo de frutas e cereais também influenciou positivamente no resultado. Como abrangem também fibras solúveis, uma explicação para tal resultado é embasada no fato de que estas estão relacionadas a uma maior saciedade proveniente da viscosidade desta, que gera um retardamento no esvaziamento gastrointestinal.
Diabetes II:
Encontra-se na literatura diversos estudos sobre as fibras alimentares e a diabetes tipo II. Neles, é evidenciado que a classe de fibras que melhor responde positivamente são as solúveis, sendo estas indicadas para pacientes a fim de potencializar a resposta pós-prandial à insulina e a glicose. O mecanismo responsável por esta melhora está relacionado ao fato de que polissacarídeos viscosos (principalmente beta-glucana) diminuírem os níveis de absorção e digestão de carboidratos, ao passo que, agem dificultando a mistura do lúmen intestinal, retardando o efeito enzimático (lentidão para o contato enzima-substrato) e retardando também do transporte deste. Desta forma, pode ser evidenciado, dentre outros aspectos, uma diminuição do LDL colesterol no plasma sanguíneo, efeito também desta menor absorção. Efeitos benéficos após a segunda refeição também são relatados (melhores respostas à glicose no café da manhã quando há ingestão de fibras na última refeição do dia anterior).
Como exemplo, temos a goma-guar evidenciando melhora à resposta glicêmica, sendo esta capaz, em um dos estudos (duplo cego-cruzado), de diminuir a glicose sanguínea de 205 para 170mg/dl. Lembrando que, para respostas benéficas, deve-se pensar em longo prazo, já que, em curtos períodos as mesmas fibras não causam nenhum efeito.
Nota-se, infelizmente, que por mais que diversos estudos sejam feitos, poucos são realmente capazes de evidenciar uma teoria concreta quanto à resposta das fibras alimentares no quesito diabetes, tendo em vista a durabilidade das pesquisas serem falha e a própria falta de tecnologia para assegurar que as propriedades físico-químicas das fibras não sejam prejudicadas.
Bom, não se esqueçam que tudo em excesso faz mal, então vamos obedecer à média de 15g de fibras alimentares por dia. Segue abaixo uma tabela com alguns alimentos ricos em fibras que são facilmente adicionados à nossa refeição.




Alimento
Quantidade
Fibra total (g)
Fibra solúvel (g)
Fibra insolúvel (g)
Abacate
½ und pqn (180g)
7,6
3,1
4,3
Abacaxi
Fatia M (75g)
0,9
0,1
0,8
Abóbora Cozida
Pedaço M (50g)
0,5
0,2
0,3
Acerola
1 und (12 g)
0,1
Nd
Nd
Alface
Porção (30g)
0,4
0,2
0,2
Alho poro
Porção (40g)
1,0
0,5
0,5
Aveia
Col sopa cheia (15g)
1,5
Nd
Nd
Banana
Und (70g)
1,4
0,5
0,9
Batata cozida
Unid (70g)
1,3
0,3
1,0
Berinjela cozida
Rodela G (20g)
0,5
0,1
0,4
Beterraba
Fatia M (12g)
0,2
0,1
0,1
Brócolis cozido
Col. sopa (10g)
0,3
0,1
0,2
Carambola
Und (80g)
2,2
0,2
2,0
Cebola
Und M (70g)
1,2
0,5
0,7
Couve refogada
Porção (60g)
1,5
0,6
0,9
Couve de Bruxelas
Porção (60g)
3,0
1,6
1,4
Couve flor cozida
Porção (60g)
1,0
0,3
0,7
Damasco seco
Und (5g)
0,4
0,2
0,2
Ervilha fresca
Porção (50g)
2,6
0,6
2,0
Ervilha torta
Porção (60g)
2,3
Nd
Nd
Escarola refogada
Porção (60g)
2,3
1,0
1,3
Espinafre cozido
Porção (60g)
1,6
0,4
1,2
Farelo aveia
Col. sopa (15g)
1,8
Nd
Nd
Farelo de trigo
Col. sopa (15g)
6,3
0,5
5,8
Farinha trigo integral
Col. sopa (15g)
1,7
0,3
1,4
Feijão cozido (caldo)
Concha P (40g)
1,7
Nd
Nd
Figo
Und M (55g)
1,8
0,4
1,4
Goiaba
Und M (170g)
9,2
4,6
4,6
Grão de bico cozido
Porção (40g)
2,0
0,6
1,4
Jabuticaba
Porção (120g)
0,4
Nd
Nd
Kiwi
Und (76g)
1,4
0,6
0,8
Laranja
Und M (180g)
3,4
2,3
1,2
Lentilha seca
Porção (40g)
5,2
0,6
4,6
Maçã
Und (130g)
2,6
1,0
1,6
Mandioca
Porção (60g)
1,0
0,4
0,6
Mandioquinha
Porção (60g)
0,4
Nd
Nd
Manga
Und M (120g)
3,3
1,9
1,4
Maracujá
Und M (45g)
4,7
0,7
0,7
Melancia
Fatia M (200g)
1,0
Nd
Nd
Melão
Fatia M (90g)
0,2
0,1
0,1
Mexerica
Und (180g)
2,7
1,6
1,1
Milho verde cozido
Porção (60g)
1,7
0,1
1,6
Morango
Und G (20g)
0,3
0,1
0,2
Pepino
Porção (60g)
0,4
0,1
0,3
Pêra
Und (190g)
4,6
1,0
3,6
Pêssego
Und (60g)
1,1
0,5
0,6
Pimentão
Und P (38g)
0,7
0,3
0,4
Pinhão cozido
Porção (80g)
2,6
0,4
2,2
Quiabo
Porção (60g)
1,5
0,5
1,0
Rabanete
Porção (60g)
0,6
0,2
0,4
Repolho
Porção (40g)
0,8
0,4
0,4
Rúcula
Porção (30g)
0,4
0,2
0,2
Salsão
Porção (40g)
0,6
0,2
0,4
Soja
Porção (40g)
2,5
1,0
Nd
Tomate
Porção (60g)
0,6
0,2
0,4
Trigo
Porção (40g)
7,3
1,2
6,1
Uva passa
Col sopa (18g)
0,6
0,2
0,4
Uva
Cacho P (170g)
1,0
0,2
0,8
Vagem cozida
Porção (60g)
1,9
0,8
1,1


Referencias:
http://www.fcf.usp.br/Ensino/Graduacao/Disciplinas/Exclusivo/Inserir/Anexos/LinkAnexos/Resumo%20Fibra%20Alimentar%20N.pdf

Alline Monteiro

2 comentários:

  1. A ONDE EU ACHO PRA COMPRAR GOMA GUAR,PECTINA,HEMICELULOSE?TENHO HIPOGLICEMIA REATIVA

    ResponderExcluir
  2. Em fibras soluveis vc apresentou como ex. A insulina, provavelmente queria se referir a inulina. Há como fazer a coreção?! Grata

    ResponderExcluir